quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A razão

Para fechar o ano
ando numa roda viva
a rimar só me engano
tenho a vida perdida

Vou voltar em breve tempo
com histórias bem quadradas
com rimas vindas do vento
da chuva, neve e geadas

Sei bem que por este atraso
não me vão levar a mal
e aos amigos que aqui faço
desejo um Santo Natal

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Restauração da Independência

Do nevoeiro não veio
quem chamavam o Desejado
deixando ao sabor alheio
um Portugal humilhado

Vieram então os Felipes
cá sempre em grau abaixado
deixando com vigarices
o Luso povo enganado

Fazendo jura em Tomar
de privilégios e riquezas
o primeiro a governar
nem foi muito de avarezas

Mas o segundo começou
a boa gente a usurpar
todo o ouro nos roubou
sobre ameaça de matar

E o terceiro dos gestores
quis Portugal agregar
com ajuda dos traidores
e de Espanha governar

Contados cem por três vezes
mais de sessenta se juntaram
os anos em que burgueses
e fidalgos se revoltaram

Pegaram no Vasconcelos
e pela janela o atiraram
pois serviu com grandes zelos
os que quase nos mataram

E é assim restaurada
a nobre Lusa Independência
ainda lutando alguns anos
contra a hispânica insistência

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mesinha Caseira

Tossindo e atrapalhado
num espanhol americano
“esta tosse quase me mata”
Comentou-me um mexicano

Foi dizendo na sua língua
que andava assim à dias
e por nada lhe passava
a obstrução das vias

Contei-lhe que remédio tinha
era uma mesinha caseira
que de um doutor provinha
tinha eu idade rasteira

Presta então lá atenção
para desse mal te livrares
descasca duas cenouras
depois de as bem lavares

Cortadinhas às rodelas
Num vaso distribuídas
Cobertas com muito açúcar
E dá-lhe duas horas perdidas

E como se fosse magia
Um suco incolor aparece
Bebe-o com lentidão
Que a tosse esmorece

Mas entendo o pobre homem
mal o que lhe enunciara
E dia seguinte queixou-se
Que a barriga lhe inchara

Mas porque ó Mexicano?
Não fizeste o que te mandara?
Respondeu pronto que sim
“As cenouras todas tragara”

Respondi quase me rindo
E num tom um pouco rude
“Olha que as cenouras que cortas
não te fazem mal à saúde”

Volta a cortar as cenouras
E cumpre bem o preceito
Vais bebendo o doce suco
Logo ficas melhor do peito

E foi assim que aconteceu
Pois já nem tossia tanto
No dia seguinte amanheceu
Pensando ser obra de santo

Nem sonhava que esta formula
já vem dos tempos antigos
que é usada na família
e distribuída aos amigos

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A verdadeira história dos rebuçados Victória

Vou contar uma história
atrevida não é pouca
mas de rir faz nos perder
a mente que se torna louca

Tudo começou por eles
os rebuçados Victória
apetecidos pelos todos
e pelos heróis da história

Na sua bela furgoneta
para os lados de Miramar
um vendedor por lá parou
para a encomenda entregar

A porta deixou aberta
com o seu tesouro largado
quando dois rapazes novos
ali passavam ao lado

os seus olhos se cruzaram
os pensamentos leram pois
aquele era o momento
de serem ladinos os dois

Tiraram um saco dos grandes
ganhando asas nos pés
fugindo por entre campos
atravessados de lés a lés

chegados ao cemitério
com os pulmões esgotados
saltaram o muro e romperam
o sacos dos rebuçados

Deixaram alguns pelo chão
do lado de fora caídos
começando a partição
dos restantes ai retidos

um para mim outro pra ti
seguia-se assim a cantiga
do lado de fora ouvia-se
como voz de alma perdida

E assim se avolumam
do outro lado as gentes
para ouvir coisa tão rara
julgando almas penitentes

diz um rapaz para o outro
acabada a distribuição
vamos agora lá fora
buscar os que lá estão?

Eis que as gentes se espantam
e arrancam de abalada
julgando que a voz que ouviam
era voz de alma penada

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Para ti...

Minha pequena estrela
se vires meu Amor passar
diz-lhe que lhe quero bem
diz-lhe para me espera

que me espere junto à fonte
quando água for buscar
dar-lhe-ei um beijo fresco
que faça a fonte gelar

só vós dois são sabedores
deste amor forte e distante
que se encontra junto à fonte
debaixo da estrela brilhante

meu Amor hoje não veio
e a fonte sempre a chorar
nada lhe ampara as lágrimas
não veio água buscar

e a estrela perdeu o brilho
deitou-se na sua cama
cobriu-se com uma nuvem
deixou morrer sua chama

só tu me podes salvar
só tu ó Lua que és dela
sabes onde a encontrar
diz-lhe que venha à janela

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Monalisa, a Micas e o Zé

Anda a Mona bem lisa
da quadrática inspiração
sempre o pensamento desliza
para a rosinha do coração

deixa lá Amiga Mona
isso é fácil de arranjar
basta só que te exponhas
onde te vou indicar

Sei de uma casa pequena
mas muito tem ela dentro
tem uma varanda serena
abrigada do forte vento

Ouve-se o bater do mar
a suave brisa nos canta
logo nos põe a enquadrar
com elevada confiança

A Micas é sua dona
e tem sempre a porta franca
quando a vida se retorna
mostra-nos sempre esperança

Mas quando a saudade chega
apertando o coração
o teu cantinho assalto
sem pedir permissão

E nele é que me entendo
arquivos vou revirando
com o muito que lá aprendo
as saudades vou matando

Por isso não desanimes
desgarra-te com Amiga Micas
que logo me junto eu
e fazemos quadras bonitas

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Margarita

Margarita, Margarita
Margarita que desejo
Gosto de ti “chiquitita”
num trago a cada beijo

Margarita a dois copos
com sal e uma palinha
servidas em pedaços ocos
de gelo para ser fresquinha

Margarita feita em dobro
tu a mim deixas-me louco
Nunca serás um estorvo
se de ti eu beber pouco

Margarita à luz da vela
com “palomitas picosas”
debaixo de uma estrela
em noites de Outono ociosas